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Paula Toller ‘solta a franga’ em ‘Transbordada’

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A cantora Paula Toller - Fabio Seixo / Agência O Globo

RIO - Paula Toller tem o seguinte mantra: “Se eu pensasse demais, ia acabar não fazendo”. Em 2012, ainda no calor da turnê de 30 anos de carreira de sua banda, o Kid Abelha, a cantora de 52 anos de idade foi sentindo a necessidade de “usar a experiência e soltar a franga”. Ela vivia, diz, “um momento geral complicado”, precisava extravasar. Estava perdida, “sem saber muito bem para onde ir, o que fazer”.

— Aquela era uma turnê grande, havia uma grande expectativa. E, depois dela, você fica se perguntando: “E agora?”. Resolvi então aproveitar o vazio, entender o vazio, porque é dele que saem as coisas — conta a artista, que acaba de voltar ao mundo do disco com “Transbordada”, seu terceiro álbum solo de estúdio, que ia sair na versão física, em CD, em janeiro, mas a gravadora Som Livre optou por entregar às lojas ainda em dezembro.

“CORAÇÃO INQUIETO”

Curiosamente, o vazio acabou levando Paula de volta a um passado de canções diretas, vigorosas, depois de experiências como intérprete eclética em “Paula Toller” (de 1998, que no entanto teve como sucesso as canções pop autorais “Oito anos” e “Derretendo satélite”) e de flertes com a sofisticação folk-rock e a língua inglesa em “Sónós” (2007).

— É isso aí o que eu sei fazer. Tenho um ouvido privilegiado, uma voz que as pessoas já conhecem e um coração inquieto. A confiança veio à medida que eu ia fazendo esses discos solo. Eu andava cheia de ideias de interação, de repertórios mais amplos, e, aos poucos, fui desencanando de tudo — conta Paula, que não precisou pensar muito no conceito de “Transbordada”. — Eu queria o classic pop, um disco cheio, com muito vocal, muito teclado, muita guitarra. O contrário do que eu tinha feito antes. Estava começando a ficar com tédio do meu próprio show, que estava muito elegante. A energia roqueira, para mim, é o ideal. Estou adorando gritar, dançar, ficar descalça. Agora você já pode me chamar de roqueira!

A canção “Transbordada” foi a primeira que surgiu. A inspiração deu-se quando, do alto de um avião, a cantora viu nas matas da região serrana fluminense as marcas das chuvas torrenciais de janeiro de 2011 — a maior tragédia climática brasileira, que deixou em seu rastro 905 mortos.

— Aquilo me emocionou. Misturei na música a energia violenta da natureza com aquilo que eu estava vivendo — diz ela, que, além de tudo, em 2009, se descobrira portadora de diabetes. — A notícia caiu como um tijolo na minha cabeça, de repente. Hoje, ela está controlada. Mas foi uma guerra de hormônios e de doenças autoimunes, uma tempestade. Tive que lidar com a diabetes nas viagens, tive que me reeducar em termos de horários, de alimentação, até para poder esquecer e continuar vivendo.

Com “Transbordada” e mais um punhado de letras na mão, Paula Toller subitamente se lembrou de Liminha, produtor dos quatro primeiros álbuns do Kid Abelha. Logo, os dois estavam em estúdio, compondo juntos e gravando.

— Liminha é o DNA da gente. Trabalhei muito com ele naquela época do Kid, nos afastamos e depois começamos a nos encontrar novamente. E quando ele produziu os discos do Erasmo Carlos (“Rock’n roll”, de 2009, e “Sexo”, de 2011), eu fiquei muito impressionada. E pensei: “Agora, com essa bagagem que cada um tem, 30 anos depois, no que será que daria?”.

NOMES DO PASSADO

Além de compor com a cantora boa parte das músicas do disco, o produtor ainda tocou baixo, guitarra, violão e teclados. Ele não foi o único nome do passado do Kid a dar as caras em “Transbordada”. Primeiro baterista da banda, o hoje produtor Beni Borja voltou como parceiro em “À deriva pela vida” e na sarcástica “Meu nome é blá”. E João Barone, dos Paralamas do Sucesso, tocou bateria em “Ohayou”, música “com cara de hino”, que encerra o disco (e que abrirá os shows). Já da cena contemporânea do rock, quem veio auxiliar Paula no álbum foi Hélio Flanders, vocalista do grupo Vanguart, com quem ela divide os vocais em “Será que eu vou me arrepender” (o rapper mineiro Flávio Renegado, infelizmente, ficou de fora da música “Já chegou a hora”, segundo Paula, por um “probleminha eletrônico” no momento da masterização do disco).

— Eu adoro o Vanguart, acho eles uma banda de primeira. Chamei o Hélio para cantar em dueto, que era uma das minhas vontades para o disco, uma coisa que eu nunca tinha feito. Esse é o nosso momento Ângela e Cauby pop — brinca a cantora, que, em junho, quando o disco ainda não estava sequer mixado, testou as músicas novas em show do projeto “Inusitado”, de André Midani. — Eu ainda não estava íntima das músicas, a gente ensaiou correndo, mas achei ótimo.

Com sua banda formada por Adal Fonseca (bateria), Márcio Alencar (baixo), Gustavo Corsi e Maurício Coringa (guitarras), Juju (backing vocals) e Caio Fonseca (violão, guitarra e teclados), Paula estreou o show de “Transbordada” em outubro, em Porto Alegre. O Rio de Janeiro, sua cidade, só deve ver o espetáculo em março. Dirigido por Liminha, ele traz o repertório do disco e também versões turbinadas de sucessos do Kid Abelha, como “Fixação”. O rock pode não estar nos seus melhores momentos comerciais no Brasil, mas a cantora acha até bom.

— Ele voltou a ser uma coisa bandida!

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Novo livro confirma atualidade de Jacques Derrida

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RIO — Em 2014, dez anos depois de sua morte, renovou-se a importância de Jacques Derrida para os estudos literários e filosóficos no Brasil, com publicações e traduções de sua obra. A recepção desta complexa teoria nos departamentos de letras, embora não tenha sido bem aceita em muitos deles, encontrou acolhida na PUC-Rio, onde, na década de 1970, Silviano Santiago foi responsável pela sua divulgação. A proliferação desse pensamento desconstrutor tem produzido reflexões de nível avançado para o aprimoramento de questões não restritas à crítica literária e à filosofia, mas endereçadas a outros domínios das humanidades. A publicação de “Nas entrelinhas do talvez — Derrida e a literatura”, de Elizabeth Muylaert Duque-Estrada (Editora PUC- Rio e Viaverita), vem confirmar a atualidade de um pensamento que desafia o senso comum e a facilidade interpretativa, vícios ainda reinantes na prática universitária.

O livro presta um serviço inestimável à compreensão dos dilemas em torno de definições e perguntas dirigidas à literatura, ao lugar/não lugar das teorias e dos conceitos, ao optar pela leitura cuidadosa do texto derridiano, quando este se refere especificamente ao discurso literário. Por uma feliz coincidência, acaba de ser publicada pela Editora UFMG a tradução da entrevista de Derrida concedida a Derek Attridge, “Essa estranha instituição chamada literatura”, com a qual o livro de Elizabeth dialoga de forma motivadora.

No momento em que se apregoam a suposta crise das disciplinas, a indeterminação conceitual como traço negativo das teorias, a reflexão do filósofo nos alerta para a indefinição e o indecidível como saída para os radicalismos e para o raciocínio binário e excludente. Por outro lado, a interpretação da ensaísta das ideias de Derrida se pauta pelo rigor e fidelidade ao seu pensamento descentrado, deslocado e desconstrutor. Há certa lógica neste aparato pretensamente destruidor de certezas.

A articulação engenhosa da escrita de Elizabeth, que logo na entrada do livro assume o cruzamento de literatura e vida, inscreve sua assinatura no texto teórico, por ocasião da releitura da entrevista de Derrida. Imobilizada numa cama de UTI, a sensação de morte e vida foi vivenciada graças à lição da literatura, “que excede qualquer definição, mas também que excede a própria vida — ela se confunde com a sobrevida”. Neste clima de abertura, o livro nasce do sentimento de sobrevivência da autora e como homenagem à sobrevivência do legado do filósofo, por continuar vivendo após a morte, “através das marcas do que já se foi”.

As associações entre sobrevivência, espectro, fantasma e ficcional atuam como semiconceitos que atravessam este espaço teórico. Por meio de posições contrárias às ideias de origem e fundamento, os semiconceitos se constituem no espaço indecidível do entre, por não comportarem exclusões entre vida/morte, real/ficcional, autobiografia/autoficção. Reside aí a reflexão do livro, por esclarecer o impasse de forma sofisticada. Se a crítica literária se concentrasse na eficácia do vocábulo “entre”, abandonaria a inócua discussão sobre as diferenças entre os termos, por não atentar para o aspecto paradoxal das relações. Como assinala Elizabeth, “nem a vida nem a obra, mas o entre, o abismo aporético, que, ao irromper, as diferencia, opondo-as, mas nunca como duas ‘coisas em si’”.

Como o livro se dedica à discussão sobre o talvez dos discursos da literatura e da filosofia, são aí inseridas denominações caras ao pensamento derridiano: o devir, a indecidibilidade, a impossibilidade, o não lugar, o por vir, os quais se concentram na operação do deslocamento. Na tentativa de aos poucos se configurar um raciocínio por vezes de difícil acesso, a ensaísta reforça a necessidade desse deslocamento, tanto espacial quanto temporal dos conceitos. A crítica aos estudos culturais, por exemplo, quando algumas vertentes se fixam em posições ortodoxas, justifica-se pela impossibilidade de responder a perguntas de feição identitária, na definição de “o que é”? O talvez se resumiria, portanto, nas indefinições e possibilidades abertas pelo gesto da dinâmica do por vir.

Muito há de se lucrar com essa aguda exposição de princípios derridianos. Sua assinatura não se contenta em reproduzir o pensamento do outro, mas de contra-assinar sua marca, por estar ciente de que, nas palavras de Derrida, “é a orelha do outro que diz eu para mim e que constitui o autos da minha autobiografia”.

Eneida Maria de Souza é professora emérita da UFMG, autora de “Janelas indiscretas — ensaios de crítica biográfica”

A arte cubana após o fim do embargo

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Kadir Lopez. Will Smith bateu na porta de sua casa para comprar obras

NOVA YORK - Kadir López trabalhava em seu estúdio, em casa, quando a campainha tocou. Eram Will Smith e sua mulher, Jada Pinkett Smith.

— Não tinha ideia do que estava por vir — disse López, cujo trabalho resgata signos e anúncios publicitários americanos destruídos depois da revolução de Fidel Castro, em 1959.

Cerca de uma hora e US$ 45 mil depois, Smith comprou “Coca Cola-Galiano”, um logo de 2,4m por 1,2m da marca, sobre o qual López colocou uma foto dos anos 1950 do que uma vez foram as barulhentas ruas de comércio em Havana.

Um ano depois, o artista ainda está alegremente incrédulo.

— Em que outro lugar do mundo Will Smith aparece na porta de um artista? — pergunta.

Enquanto colecionadores, instituições e amantes das artes se preparam para viajar a Cuba, depois de Obama decidir afrouxar o embargo econômico ao país, a cena artística que os espera é sui generis: um mundo onde artistas são privados de materiais e internet, mas que, ao mesmo tempo, são celebrados por compradores internacionais cuja curiosidade os trouxe à ilha muito antes de se falar no fim das restrições.

ÍMÃ DE AMANTES DA ARTE

Artistas cubanos recebem instituições como o Bronx Museum of the Arts e o Museum of Modern Art, além de outros visitantes. Muitos deles são intelectuais ricos que vão a Cuba em viagens permitidas pelo embargo.

An outdoor installation at the studio of young artists Frank Mujica, Adrian Fernandez, and Alex Hernandez Duenas, in Havana, Dec. 26, 2014. Collectors, art connoisseurs and institutions are eagerly gearing up to travel to Cuba after President Obama’s decision to loosen the economic embargo. (Lisette Poole/The New York Times) - LISETTE POOLE / Fotos de Lisette Poole/The New York Times

Esse ímã de amantes da arte está prestes a crescer, prevê Alberto Magnan, dono da galeria Magnan Metz, especializada em arte cubana. Ele, que está atualmente em Havana, recebeu 25 ligações de colecionadores no dia 17 de dezembro, depois do anúncio de Obama. O galerista tem viagens agendadas ao longo de março.

Ainda que americanos possam visitar a ilha desde 2009, quando normas permitiram que viajassem ao país, muitos evitaram, diz o galerista.

— É uma luta (ir a Cuba) — diz Magnan, referindo-se ao fato de hoje ser necessária autorização do governo americano, além de não ser possível comprar obras com cartão de crédito americano. — Agora eles (os colecionadores) dizem querer ir antes de todo mundo.

Steve Wilson, colecionador que está com Magnan em Havana, comprou oito peças com preços entre US$ 1,5 mil e US$ 15 mil, principalmente de jovens artistas. As compras foram feitas na noite de domingo, na Fábrica de Arte Cubana, construída em um antigo galpão.

Wilson, fundador da rede 21c Museum Hotels, que abriga obras de arte contemporânea, espera que a abertura lhe permita organizar residências para artistas cubanos nos EUA e vice-versa — talvez até abrir um 21c em Havana.

— Adoro o fato de que mais pessoas poderão vir e ver essas obras — diz.

Desde os anos 1990, o governo cubano dá mais liberdade aos artistas, que são vistos como um pilar do prestígio cultural do país. Eles têm permissão para viajar e para manter boa parte da sua renda.

Obras de Santiago Rodriguez Olazabal na Galeria Havana, a mais prestigiada - Lisette Poole/The New York Times

Há quem tema que os artistas comecem a produzir como loucos, antecipando-se a um futuro boom.

— Se 500 colecionadores aparecerem do nada, a qualidade vai cair — diz Roberto Diago, cujas obras exploram as questões racial e escravista em Cuba e custam entre US$ 2 mil e US$ 30 mil.

Mesmo assim, muitos artistas são quase desconhecidos, especialmente fora de Havana, diz Sandra Levinson, fundadora do Center for Cuban Studies em Nova York. Além da Magnan Metz, só um punhado de galerias em Miami, além de uma ou duas na Costa Oeste dos EUA, têm foco em arte cubana.

— Ainda há muito por descobrir — diz Levinson, que moveu com sucesso uma ação contra o Departamento do Tesouro, em 1991, para permitir a americanos trazerem obras de arte de Cuba e estava no país quando o anúncio de Obama foi feito. — As pessoas que estavam comigo saíram comprando e comprando.

Jonathan S. Blue, investidor que tem uma dúzia de obras do país, fala da expectativa de voltar à ilha pela quinta vez, na semana que vem.

— O tempo entre ver uma peça de que eu goste e a decisão de comprá-la vai diminuir — ri Blue, para quem parte do charme em comprar arte em Cuba vem de precisar contornar as barreiras. — Se você entra numa galeria na Cidade do México e quer uma peça em sua casa no dia seguinte, ela estará lá. Não funciona assim em Cuba. O desafio deixa a coisa mais interessante.

Mas, para Luis Miret, diretor da Galeria Habana, a mais prestigiada das doze administradas pelo Estado, tais barreiras são um entrave. Hoje, tudo o que for despachado de Havana para os EUA — uma distância de só 144 quilômetros — precisa passar por um terceiro país, como o Panamá ou o Reino Unido.

Enquanto isso, poucos moradores do país têm dinheiro para comprar obras, diz Adrián Fernández, que montou um ateliê com dois amigos. Os três receberam uma formação artística gratuita, num período de nove anos, mas agora que estão trabalhando há pouco apoio do governo.

Os três amigos são um exemplo das estranhas contradições que os artistas cubanos enfrentam: eles vendem seus trabalhos por valores entre US$ 500 e US$ 8 mil e são representados pela galeria belga Verbeeck-Van Dyck, onde cada um terá uma mostra individual em 2015. O ateliê deles fica numa casa em um bairro de classe alta, comprado por uma pechincha. Mas os três precisam trazer todo o material de que necessitam, da iluminação às telas, de fora. Além disso, ainda moram com os pais.

GALERIAS FAZEM FALTA

Muitos artistas dizem que um mercado no qual eles vendessem a maior parte de suas obras por galerias seria benéfico, porque tornaria os preços mais estáveis. Turistas ricos — em vez de colecionadores — compraram obras sobre cujo paradeiro eles não sabem, observam os cubanos, o que tornaria a reunião das peças para uma retrospectiva difícil.

O curador como tonificador da arte do seu tempo

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Desenho exclusivo de Ricardo Basbaum para O GLOBO - Ricardo Basbaum / Ricardo Basbaum

RIO — O curador é mais do que vulgarmente se difundiu como sendo uma espécie de “regente” ou “intérprete” das manifestações das artes visuais, vício herdado da arte como representação, quando acreditava-se na necessidade de um “tradutor” das imagens em palavras. Acredito que o curador é aquele que propõe uma coerência capaz de criar uma potência de sentido para a sua época a partir das invenções dos artistas. Essa não é uma missão fácil porque há um embate constante entre o artista, o curador e as instituições. O curador é aquele que propõe tonificar o sentido da arte do seu tempo, através dos artistas e das instituições às quais está vinculado.

Para melhor iluminar o papel do curador, gostaria de me reportar ao modelo dos Levis no povo judeu. Os Levis, que originalmente estavam destinados a ser uma das 12 tribos de Israel, deixaram de ser porque lhes foi interditado o direito de posse da terra e tornaram-se um segmento do povo destinado a ajudar na liturgia do templo. Como sua função passou a ser eminentemente espiritual — de conservar os fundamentos culturais e religiosos do povo — não se poderia correr o risco da territorialização. Os Levis foram constituídos com base na ideia de que é necessário um descolamento do território geográfico para instaurar e preservar o território espiritual. Ao contrário das outras tribos, que deveriam conservar o território, os Levis foram impedidos de se enraizar para não se desviarem de seu objetivo fundamental.

Por essa razão, minha ação sempre se caracterizou por um movimento propositivo de repetir o ato de fundação dos museus com os quais trabalhei, para provocar, dessa maneira, a mudança. Foi com este conceito que curei, em 1994, a exposição “As potências do orgânico”, embrião do Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude, inaugurado em 1999, e o Projeto Respiração da Fundação Eva Klabin. Propus ver com olhos novos os valores antigos para que adquirissem novos significados. Conservei transformando o que de mais potente havia nestas duas instituições. No Açude, a natureza. Na Fundação Eva Klabin, a vida, a residência e a coleção.

Esta não foi tarefa fácil. Ao contrário. Hoje pode parecer natural, mas no início soava estranho ver com olhos de acervo os 150 mil metros quadrados de Mata Atlântica que circunda o Museu do Açude, e que ali fosse criado o Espaço de Instalações Permanente, que agrega valor ao Museu, ao reunir um acervo de obras dos mais importantes artistas contemporâneos brasileiros, que se dispuseram a pensar a relação arte e meio ambiente; transformando e atualizando a ideia de jardim de esculturas, concebido por Castro Maya, em espaço de instalações. A proposta criou uma resistência inicial: como deveriam ser classificadas as obras? Poderiam ser incorporadas como parte do acervo? As obras deveriam ser mantidas e conservadas? E os registros das obras, deveriam constar do arquivo? Alguns artistas também tiveram dificuldade de se libertar da ideia de escultura como ornamento, que foram sendo superadas pelas trocas estabelecidas com o conceito da curadoria, como também foram sendo desafiados pelo embate com a natureza, em que a obra de arte fica fragilizada diante da potência intempestiva da floresta.

No Projeto Respiração da Fundação Eva Klabin, as questões são de outra ordem. O embate maior é com os artistas. Os artistas convidados ficam encantados pela possibilidade de interferirem em um museu, como uma maneira de se libertarem do cubo branco modernista, já que hoje o espaço necessário para o acontecimento da arte é de outra natureza, e solicita uma dinâmica espacial mais impregnada e contaminada de informação, como o oferecido pela experiência do Projeto Respiração. No entanto, as limitações impostas pelo cuidado necessário com o acervo, cria uma tensão positiva em que as interferências acontecem não apesar, mas graças ao fato de precisarem se defrontar com as limitações de uma casa-museu. As razões que levam os artistas a criar suas intervenções variam, motivadas pela grande variedade de possibilidades oferecida por essa situação única. Alguns preferem dialogar com a própria coleção, com a história da arte ou com o espaço em si; outros optam por relacionar-se com a personalidade da colecionadora, seus sonhos e desejos, com o colecionismo; e outros ainda, como Nelson Leirner, preferem trabalhar com a ideia da casa e sua localização, suscitando questões políticas, de fina ironia, como a atual intervenção “Nossa casa, minha vida; visite apartamento decorado”. Mas o resultado gera uma tensão positiva, cuja qualidade pode ser observada na enorme riqueza de camadas de sentido que foram sendo agregadas pelos artistas à Fundação Eva Klabin.

Mais do que um intermediário ou negociador, vejo o ofício de curador como a função delegada aos Levis. Cabe ao curador fazer proposições capazes de cuidar, preservar, celebrar e transmitir para o futuro atual o ato sempre renovado da invenção, que caracteriza e propicia o acontecimento da arte, sinalizando, para as novas gerações, que o sentido de um museu e seus acervos não podem ficar cristalizados para não correrem o risco de se desviarem de seus objetivos originais, pelos jogos circunstanciais de poder.

Marcio Doctors, atual curador da Fundação Eva Klabin, conceituou e criou o Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude e o Projeto Respiração da Fundação Eva Klabin, que completou dez anos em 2014

Thiago Lacerda fala do desejo de ficar mais com os três filhos: ‘Sinto muita culpa’

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RIO — Ao atravessar os corredores dos estúdios da Globo, em Jacarepaguá, no Rio, para ser fotografado para esta reportagem, Thiago Lacerda provoca um debate acalorado entre dois funcionários da limpeza do Projac.

— Ele é um cara bonito, ? — elogia um deles.

— E eu sou lá de achar homem bonito, rapaz? — rebate o outro.

Ao saber da história, o ator de 36 anos, que interpreta o vilão Marcos na novela “Alto astral”, completa:

— Eu me acho bonito sim, não tenho problema com isso. Mas tem dias em que me olho no espelho e falo: “não, ?”. Às vezes, me incomodo com o meu nariz. Dependendo do ângulo, ele fica grande demais.

Mas a beleza não é uma questão muito importante, diz o ator. Apontado como galã desde a época de “Terra nostra” (1999), Thiago nunca se acomodou a um único tipo.

— Devo ter perdido alguns papéis por ser muito bonito, mas isso não me incomoda.

Os quase dois metros de altura, ele admite, às vezes causam problemas. O ator conta que grava suas cenas com as pernas abertas por causa da estatura de suas parceiras na ficção. A altura das atrizes com quem ele já contracenou oscila entre 1,58m e 1,70m. E ele tem exatamente 1,95m.

— Mas minto e digo que tenho 1,93m — brinca o ator, que no folhetim de Daniel Ortiz contracena com Nathalia Dill, de 1,68m. — Tenho vergonha, sempre tive. É trauma de adolescente. Sou mais alto do que todo mundo desde criança, os coleguinhas faziam piadas. Quem não passou por isso? Se não fosse pela altura, seria por ter espinhas ou por outra característica...

Thiago, que estreou na TV com um papel pequeno em “Malhação”, em 1997, e despontou como o Aramel da minissérie “Hilda Furacão” (1998), já apareceu como malvado nas novelas “As filhas da mãe” (2001) e “América” (2005). Mas diz que o vilão que faz em “Alto astral” chegou em um momento especial.

— Desta vez, tem um certo amadurecimento da minha parte. A minha profissão é feita do tempo. Aos 36, eu sou um ator mais interessante do que era há 10 anos. Isso me dá uma possibilidade mais lúcida de entendimento do personagem.

Hoje, o ator está até mais à vontade para dizer o que pensa, sem muitos filtros.

— O politicamente correto me incomoda. As pessoas têm dedos para falar, com medo de os outros se ofenderem. Adoro falar palavrão, fodam-se os que não gostam. Merda para mim é vírgula. Claro que não vou sair por aí falando besteira, mas tudo bem eu dizer que o Marcos é um escroto. Por que não?

O ciúme e a inveja que o cirurgião da trama das 19h tem do irmão, Caíque (Sergio Guizé), observa Thiago, é proveniente de “uma insegurança afetiva muito grande”.

— O fato de ser filho adotivo e ter sido rejeitado algumas vezes gerou nele os sentimentos de inveja e competição. A vida do Marcos é uma sucessão de derrotas para o Caíque. E ter perdido a noiva (Laura, interpretada por Nathalia) para ele foi só um agravante. Mas me parece que o Marcos não ama essa mulher. Ele a quer por um motivo que a gente saberá em breve — faz mistério.

O ator conta ter constatado recentemente que relações como a de Marcos e Caíque são comuns também fora da ficção.

— Outro dia, um conhecido me disse: “Minha relação com meu irmão é assim, essa é a história da minha vida”. O cara estava bem emocionado.

Competição dentro de casa, no entanto, é algo que Thiago desconhece. Segundo ele, seu relacionamento com a irmã, a jornalista Juliana Lacerda, de 34 anos, sempre foi de “proximidade e muito afeto”.

— Na infância foi difícil, a gente brigava muito. Ela nunca fugiu da raia, era um enfrentamento curioso. Até que eu percebi que as coisas não poderiam continuar assim. Mas sempre fomos muito amigos, mesmo quando brigávamos. E, com o tempo, desenvolvi uma relação paternal com ela. Hoje ela cuida um pouquinho de mim também — admite, rindo.

A exemplo do pai, Jadyr Lacerda, inclusive, Thiago queria mesmo era ser gerente de banco:

— Achava o máximo ele de terno atendendo as pessoas. Meu pai era respeitado, tinha um status, emprego estável. Fui fazer faculdade de economia por causa disso e só fui fazer teatro porque eu era tímido para ser um gerente de banco. Alguém deve ter me olhado e dito: “Não, filho, sai daí, vai atuar.”

Thiago diz ser adepto de todas as religiões, mas não praticar nenhuma delas. No entanto, afirma acreditar em vidas passadas:

— Não acho que a vida termina nem começou aqui. Talvez hoje eu esteja colhendo os frutos que eu plantei em outras vidas, ou de alguém que mereça mais do que eu, o meu pai, a minha mãe, a minha mulher, um dos meus filhos.

O ator é pai de Gael, de 7 anos, Cora, de 4, e de Pilar, de oito meses, frutos de seu casamento de quase oito anos com a atriz Vanessa Lóes.

— Eu e Vanessa temos falado muito sobre a ideia de aceitar as crianças como elas são. Se livrar das nossas expectativas sobre eles, o que significa ouvi-los mais. Mas não acho que eu consiga ser o que eu espero. Sinto muita culpa. No início das férias, Gael estava no nosso sítio, em Minas, e me perguntou por telefone: “Pai, cadê você? No Rio? Ainda?” Eu estava gravando a novela — relata.

Carioca nascido na Tijuca, Thiago lembra que, na infância e em parte da adolescência, só viajava com a família para Minas Gerais, estado de seus pais:

— Meu pai é mineiro clássico. Então, férias? Minas! Feriado prolongado? Minas! Só mudamos o roteiro quando eu já tinha 15 anos, fomos para um hotel fazenda em Teresópolis.

Hoje, Thiago diz semear “coisas para daqui a 20 anos”:

— A minha vida é uma grande correria e um improviso. Minha preocupação é achar tempo para mim, para as crianças, para o trabalho. Aos 60, quero estar fazendo as coisas com muita calma.

Até lá, o ator quer “muito trabalho”. Já projeta para o segundo semestre deste ano dar sequência a “Hamlet”, peça que protagonizou entre 2012 e 2013:

— Eu e o (diretor) Ron Daniels decidimos encenar outros dois espetáculos de Shakespeare ao mesmo tempo: “Macbeth” e “Medida por medida”.

Outro projeto de Thiago — que “talvez demore” — é integrar o elenco de um musical:

— Não sou afinado ainda, mas vou estudar. Sou determinado, capricorniano. Um dia vou cantar em cena para as pessoas.

Campeão de natação na adolescência, o ator sabe bem o que é disciplina. Inclusive à mesa.

— Faço a minha dieta. Me conheço, sei onde consigo ir. Meu metabolismo aos 36 anos está mudando, mas como eu fui atleta, meu corpo tem uma memória muito legal — diz o ator, que recentemente perdeu 7kg (está com 100 kg) e garante não se importar com comentários sobre o seu peso. — O importante é que as pessoas me respeitem e respeitem as minhas escolhas.

Em 'Boogie oogie' após 10 anos sem atuar no país, a portuguesa Maria João Bastos diz ser fã de feijoada

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A primeira coisa que Maria João Bastos fez ao retornar ao Brasil foi comer pão de queijo. A atriz portuguesa também é fã de feijoada, dos sucos naturais, do açaí com granola e do biscoito Globo, tradicional nas praias cariocas.

— Nós não temos nada disso em Portugal e eu fiquei com muita saudade — admite ela, que depois de 10 anos longe do país desembarcou no Rio para atuar em “Boogie Oogie”.

Adaptada à vida carioca, a atriz escolheu Ipanema, na Zona Sul, para viver. E conta que tem o hábito de dar um mergulho no mar sempre que pode antes de enfrentar uma hora de trânsito até o Projac, em Jacarepaguá, onde grava a novela.

— Ipanema é um lugar que você sente mais o Rio de Janeiro e eu gosto muito da vida carioca. De beber água coco, ir ao Baixo Gávea e assistir a uma peça na Casa de Cultura Laura Alvim depois de tomar um café — enumera ela, que aderiu ainda aos treinos funcionais na areia e ao stand up paddle: — É muito bom para desestressar no fim do dia.

Aos 39 anos e com 25 anos de carreira, Maria fez sua última participação na Globo no “Sítio do Picapau Amarelo”, em 2004. Antes, a atriz havia atuado em “Sabor da paixão” (2002) e “O clone” (2001). O convite para voltar à emissora partiu do autor Rui Vilhena, com quem a atriz já trabalhou em diversas produções portuguesas como a novela “Tempo de viver” (2006) e a série “Equador” (2008), baseada no livro de Miguel Sousa Tavares.

— Não imaginava. O convite veio quando terminamos de gravar outro projeto dele, “Sedução” (2010). A personagem era uma escritora bem louca, muito parecida com a Samantha de “Sex and the city”. E eu fazia par com o Paulo Rocha (no ar em “Império”). Tinha umas cenas muito hilárias, ela era sarcástica, um pouco pervertida, falava tudo em inglês. Foi um grande sucesso essa última novela de Rui em Portugal — recorda-se.

Voltar a trabalhar com Vilhena na atual trama das 18h é motivo de orgulho para ela.

— Adoro as novelas do Rui. O ritmo que ele tem contado as histórias, o humor sarcástico, que é muito inteligente, sempre me agradou. E fazer a primeira novela solo do Rui no Brasil é maravilhoso — diz.

A atriz defende a postura de Diana, sua personagem em “Boogie Oogie”, que descobriu um caso de Paulo (Caco Ciocler), marido dela, com Beatriz (Heloísa Périssé). E avisa que Diana fará de tudo para ficar com o jornalista.

— Ela chegou ao Brasil depois de largar tudo em Londres e tropeçou nesse passado, nesse amor do Paulo pela Beatriz. Diana vai lutar pelo homem que ama. Vai usar todas as ferramentas que tem nas mãos para poder manter esse amor e essa relação. Ela também não é nenhuma santa. Aliás, nessa novela todo mundo guarda um segredo. Muita coisa ainda está por vir — faz mistério.

Como boa parte do elenco, Maria João conta que mergulhou no universo dos anos 1970: ela assistiu a filmes, documentários e estudou sobre os anos de chumbo da ditadura militar brasileira.

— Eu conheço a história da década de 70 do meu país. Não conhecia a do Brasil. Li muita coisa e assisti a longas como “Zuzu Angel” (2006), que teve o filho morto e torturado naquela época. Toda aquela luta e angústia dela nos traz para a energia daquela década — explica a atriz.

Familiarizada em trabalhar com sotaques, Maria João é poliglota e já interpretou mulheres francesas, inglesas e espanholas no cinema. Com entusiasmo, ela fala de outra experiência que a desafiou há dois anos. Sem saber cantar, estudou muito para viver a cantora Liliane Marise na novela “Destinos cruzados”, em Portugal.

— A personagem era uma alpinista social, completamente louca. Uma Barbie, que usava cabelo rosa e falava muito mal o português. Chamava paparazzo, fingia que o namorado batia nela para ser capa. As músicas que ela cantava fizeram tanto sucesso em Portugal que o autor teve que a tornar famosa na trama — conta Maria João.

Segundo ela, a personagem virou fenômeno nacional, com direito a gravar CD e fazer show para 15 mil pessoas no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, um lugar que já recebeu estrelas da música como Madonna e Lady Gaga:

— Todo mundo adorava, gente dos 8 aos 80 anos. As crianças se identificavam. Quando a novela acabou, os fãs pediram uma despedida. Fizemos duas apresentações para que as pessoas dessem adeus a essa personagem, que levou alegria ao povo em um momento de crise que Portugal atravessava.

No cinema, Maria João esteve ano passado em “Variações de Casanova” ao lado de John Malkovich e Fanny Ardant.

— Eu já tinha estado em um projeto do John, o longa “Linhas de Wellington” (2012), mas não havíamos contracenado. Fiquei muito feliz porque é um ator que sempre admirei e acompanhei o trabalho desde nova. De repente ter uma cena só eu e ele contracenando... (faz uma pausa) Nossa! Foi uma experiência para eu guardar para minha vida. Aprendi muito.

'Domingão do Faustão' começa o ano com a estreia de dois novos quadros: 'Truque VIP' e 'Ding dong'

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RIO - Há 26 anos à frente de seu “Domingão”, Fausto Silva acredita que, em um programa de variedades, os quadros funcionam tão bem quanto atrações musicais e entrevistas. Tanto que o vespertino já começa 2015 com duas estreias saídas do forno.

A partir deste domingo, famosos testam suas habilidades no “Truque VIP” e no “Ding dong”.No primeiro, uma competição de mágica com famosos, o cantor Thiaguinho, a ex-jogadora de basquete Hortência, e os atores Murilo Rosa e Fernanda Vasconcellos têm a consultoria dos mágicos profissionais Ricardo Madureira, Mauricio Torselli, Andrély Corrêa e Wander para convencer o público de que, sim, são capazes de tirar um coelho da cartola. A cada domingo, eles se apresentam em uma modalidade diferente — ilusionismo, técnicas de escapismo, mentalismo e mágica (aquela executada próxima a quem está assistindo). O quadro terá um júri fixo formado por Marcos Frota, Tande e Sheron Menezzes. No fim, o “mágico” com a maior nota do público vai para a final ao lado do segundo lugar, eleito pelo júri artístico. E David Copperfield que se cuide...

— Pelos ensaios, acho que o público vai ficar bem impressionado com a performance dos famosos. Além disso, vai poder conhecer as quatro modalidades da mágica. Todas intrigantes — valoriza o apresentador, contando que se envolve na elaboração de todas as atrações do programa.

Alexandre Borges e Mariana Rios no quadro 'Ding dong' - Tv Globo

Embora a mágica não seja essencial, o dom do conhecimento musical é importantíssimo no jogo do “Ding dong”. A dinâmica é a seguinte: dentro de cada uma das sete portas disponíveis há uma música, tocada através de campainhas. A cada rodada, o participante aperta um botão e tem 20 segundos para adivinhar de qual canção se trata. Caso acerte, o do artista sai de dentro da porta e se apresenta no palco do programa. Na estreia, a atriz Mariana Rios enfrenta Alexandre Borges.

— Nesse quadro, o público participa tanto ou mais do que o famoso. A curiosidade é descobrir a música e quem está por trás da porta — diz Fausto, que fala sobre a importância da “renovação constante e da insatisfação permanente”: — É o segredo para o programa ter longevidade.

Ele afirma que a mudança das gravações do Rio para São Paulo, em novembro, não alterou a mecânica da atração.

— O local onde ele é apresentado não importa. O que vale é a qualidade do produto

Com pegada de novelão, 'Mistresses' acompanha as turbulentas vidas amorosas de quatro amigas

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RIO - Quem gosta de série com aquela pegada de novelão já pode começar o ano com novo vício: “Mistresses” finalmente chega por aqui, no Sony, nesta quarta, dia 7, às 21h30. A atração, que em 2015 vai para seu terceiro ano nos EUA, acompanha as turbulentas vidas amorosas de quatro amigas, com direito a, claro, mistérios, traições e todos os ingredientes do melodrama. Savi (Alyssa Milano) é uma profissional de sucesso ; Joss (Jes Macallan) é sua irmã mais nova, solteira e pegadora; April (Rochelle Aytes) é a melhor amiga das duas, recém-viúva; e Karen (Yunjin Kim), uma terapeuta, completa o quarteto.

Intérprete da divertida Joss, Jes Macallan é, ela mesma, uma figura e levou os jornalistas às gargalhadas no lançamento da 2ª temporada, em Los Angeles, em julho. A atração, que vai bem lá fora, gerou desconfiança antes de estrear por causa do título (“Amantes”, em tradução livre), ela conta.

— A gente brigou contra isso. Quando o nome foi divulgado, todos ficaram: “Ah, vão ser um monte de vagabundas”. Mas graças a Deus as pessoas nos deram uma chance. E viram que era mais do que isso, era sobre amizade. E ficaram viciadas! — define a atriz, admitindo que a série é do tipo novelesco: — Claro que é pura diversão. É pra ser guilty pleasure, tem esse elemento sensual que vende. Mas não quer dizer que as personagens não se desenvolvam.

O laço entre as protagonistas é o motor da história, na opinião de Jes, que vê muita relação da série com a realidade, apesar de tudo.

— É legal quando vemos mulheres falando “Já estive nessa situação”, “Já conversei sobre isso com a minha amiga”, “Já esqueci uma calcinha embaixo do lençol” (risos). É bom quando se identificam. Bom, não sei se alguém aqui já teve um marido que fingiu a própria morte, mas de repente é comum, ? — brinca, entregando uma das tramas.

A relação com a realidade é tanta, que muitas vezes as próprias atrizes acabam dando ideias de tramas:

— Você tem que tomar cuidado porque, quando pede para escreverem algo para sua personagem, eles levam a sério. Das coisas mais simples ao... Vocês sabem o que é Uber? Bom, minha assessora de imprensa não está aqui, porque ia me matar por contar isso. Um dia eu estava meio bêbada, chamei um Uber e, no fim, convidei o motorista para ir à minha casa para falar sobre a vida. Os filhos dele estavam com problemas, a mulher dele estava na Etiópia, e eu queria saber mais sobre aquilo, queria ajudar. Ficamos conversando até 1h da manhã. E eles colocaram isso no roteiro!


Série protagonizada por atriz de 'House' inspira lista de atrações que trazem grupos de amigas

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RIO - Um grupo de amigas que se apoiam, conversam, fazem fofoca, aquelas para quem você pode contar tudo, tu-di-nho mesmo? Já vimos isso antes... E é muito legal, vai.

1. “Girlfriend’s guide to divorce”. A série nova é protagonizada por Lisa Edelstein (a dra. Cuddy de “House”), uma autora de livros de autoajuda que vê sua vida mudar ao se divorciar. Para curtir a vida de solteira aos 40, ela vai precisar do apoio, sabe como é, das amigas.

2. “Sex and the city”. O clássico maior das mulheres independentes de 30 da década de 1990 era muito sobre sexo, é claro. Mas era mais ainda sobre a amizade entre as quatro moças nova-iorquinas fashionistas.

3. “Girls”. O comportamento das protagonistas da série de Lena Dunham às vezes sugere que elas são mais inimigas do que amigas... Mas a verdade é que, quando é necessário, elas sempre estão lá para dançar ao som de Robyn.

4. “Lipstick jungle”. Baseada no livro de Candace Bushnell, mesma autora de “Sex and the city”, a série acompanhava o cotidiano de três amigas poderosíssimas em seu trabalho que se apoiavam nas dificuldades da vida pessoal.

5. “The golden girls”. Essa fofura mostra que esse tipo de amizade dura! Na atração da década de 1980, quatro amigas mais velhas dividiam uma casa em Miami

Hayao Miyazaki recebe Oscar honorário com discurso pessimista

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NOVA YORK — Os indicados ao Oscar não serão anunciados até o dia 15 de janeiro, mas é seguro afirmar que o maior cineasta associado à premiação de 2015 já recebeu sua estatueta, fez um discurso modesto e revelador e voou para o Japão para talvez se aposentar.

Hayao Miyazaki recebeu um Oscar honorário no dia 8 de novembro, na cerimônia do Governors Awards. Estatueta que ele pode pôr ao lado da que ganhou em 2003, quando sua obra-prima, “A viagem de Chihiro”, ganhou o prêmio de melhor animação. Ele falou brevemente de sua mulher e prestou uma engraçada homenagem ao veterano de Hollywood Maureen O’Hara, que também recebeu o Governors Award, junto a Harry Belafonte e ao roteirista francês Jean-Claude Carrière.

Entre esses dois comentários bem-humorados, Miyazaki foi sério — além de honesto, melancólico e pesaroso — ao falar de animação e da história de seu país, o que rendeu a suas observações algo em comum com seus filmes.

— Tive sorte de participar da última era na qual pudemos fazer animações com papel, lápis e película — disse Miyazaki. — Outra sorte é meu país não participar de guerras durante os 50 anos em que tenho feito cinema. É claro que lucramos com guerras, mas somos afortunados por não termos ido nós próprios a ela.

“Viagem de Chihiro”. Longa rendeu Oscar de melhor animação em 2003 ao diretor japonês - DISNEY ENTERPRISES / NYT

Muita coisa contribui para o encanto dos 11 longas-metragens de Miyazaki, começando por “O castelo de Cagliostro”, em 1979: sua beleza imagética diáfana, com o estilo suntuoso de pintor desenvolvido durante anos de aprendizado como animador com a mão na massa, não só no cinema e na TV, mas como artista de mangá; as sequências de ação vertiginosas e lindamente construídas; as cenas de tirar o fôlego com perseguições, saltos e voos em aviões antigos, vassouras ou montados em criaturas misteriosas; e, é claro, há os monstros, fantasmas, demônios e espíritos dos animais, uma fauna de companheiros e inimigos de seus heróis.

Nada disso é único da obra de Miyazaki, embora ele os conceba com uma variedade e generosidade sem par. O que faz as animações dele tão memoráveis — das grandiosas, como “A viagem de Chihiro”, um romance de formação, passando pelas fábulas ecológicas, como “Nausicaa: a princesa do Vale dos Ventos” (1984) e “Princesa Mononoke” (1997), e chegando aos menos profundos, mas ainda assim cativantes, como “O serviço de entregas da Kiki” (1989) e o hipnotizante “Meu amigo Totoro” (1988) — é difícil de classificar. Mas você entende quando sente: a destreza com o tom e a emoção, encarnada em cada gesto, expressão, movimento e cenário, o que confere aos filmes seu poder de imersão e ar contemplativo, além da sobriedade simples. Assistir a um filme do diretor é relembrar como era ser uma criança esperta e curiosa.

ENTRE A JUVENTUDE E A MATURIDADE

Mesmo em filmes de ótima qualidade, como nos trabalhos da Pixar ou de Henry Selick, o filme infantil americano lida com seus espectadores de um jeito diferente e menos recompensador. Há sempre uma sensação de que os diretores buscam — cruzando uma lacuna entre eles e o público, tentando entretê-los com vários graus de graça e desespero — adivinhar o que vai impedir aquelas crianças supostamente hiperdistraídas de dispersar sua atenção.

Miyazaki importa-se profundamente com o público jovem, mas você sente que ele não perde tempo tentando adivinhar o que o tal espectador quer. Como outros grandes diretores de filmes para e sobre crianças, o japonês habita o ponto de vista dos pequenos e se comunica diretamente com suas alegrias, trepidações e, talvez o mais importante, sua infinita curiosidade.

Com a habilidade de cruzar facilmente a membrana entre a juventude e a maturidade, Miyazaki é também capaz de dotar cenários de conto de fadas de solidez temática. Em sua vida pública, o japonês falou de questões como a poluição, os perigos da energia nuclear e aproximação do Japão ao nacionalismo e ao militarismo. Os filmes, ao mesmo tempo, enviaram mensagens — às vezes alegóricas, mas nunca obscuras — em favor do ambientalismo (“Nausicaa...”, “Princesa Mononoke”, “Ponyo: uma amizade que veio do mar”) e contra a guerra ( “O castelo animado”, “Vidas ao vento”).

As mensagens nunca são o tema do filme, porém. Miyazaki não promove resultados; ele explora possibilidades. Como diz o artista em “Reino de sonhos e loucura” (2013), o indispensável documentário de Mami Sunada sobre o diretor: “Você não representa o destino. Você representa a vontade. Mesmo que o destino exista”. Como todos nós, os personagens do japonês nasceram com infinitas possibilidades e moldam suas vidas quando confrontados com escolhas, uma de cada vez. “Escolher algo é abrir mão de outra coisa”, diz Miyazaki.

Para seu documentário, Mami Sunada grudou em Miyazaki e no Studio Ghibli, o estúdio de animação fundado pelo diretor japonês com seu colega e mentor Isao Takahata e o produtor Toshio Suzuki. O documentário oferece uma visão íntima de um homem cujo humor sarcástico e desnorteante, além dos modos despretensiosos, não escondem a enorme cobrança que ele faz à sua equipe de jovens animadores e técnicos. Ou ainda o jeito como o diretor se alimenta da energia deles.

“SONHOS AMALDIÇOADOS”

É claro que as cobranças que Miyazaki faz a si mesmo são ainda maiores. E quem estiver inclinado a imaginá-lo de forma sentimental e vê-lo como um criador com a cabeça nas nuvens vai se surpreender com a representação que Sunada faz do método de trabalho dele: disciplinado ao ponto da divisão da produção, robótico a serviço do mágico. Enquanto funcionários com um terço da idade do japonês batem papo ou fitam o vazio, Miyazaki (que completa 74 anos amanhã) passa ao largo com seu avental de pintor, encaminhando-se para a próxima tarefa.

Cenas de ‘Vidas ao vento’ - Divulgação

Miyazaki anunciou que “Vidas ao vento”, lançado em 2013 no Japão, será seu último longa-metragem. Em seu discurso no Oscar e no documentário “Reino de sonhos e loucura”, há sinais de que ele chegou ao fim da carreira. A melancolia que está sempre presente em seus filmes — sem obscurecê-los — surge quando ele fala a Sunada sobre “sonhos amaldiçoados”, dizendo: “Como sabemos que o cinema vale a pena? Se você pensar bem, não é só um grande hobby? Talvez tenha havido um tempo em que era possível fazer filmes que importassem, mas agora? Muito do nosso mundo é lixo. É árduo”.

Árduo, requer uma disciplina punitiva e um foco implacável, mas, como Miyazaki continuamente mostrou, não é impossível. Quando Sunada filmou, em 2013, a entrevista coletiva na qual Miyazaki anunciou sua aposentadoria, ele confessou à documentarista que esperava trabalhar por mais dez anos. Se ele se referia a fazer curtas-metragens, quadrinhos ou um retorno aos longas, o que ele fizer será relevante.

Faíscas no palco

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RIO - Dezembro de 1967, toca o telefone na casa de Clarice Lispector. É Bethânia. Na semana seguinte, o assunto vira crônica publicada no “JB”: “Maria Bethânia me telefonou, querendo me conhecer. Conheço ou não? Dizem que é delicada. Vou resolver. Dizem que fala muito de como é. Maria Bethânia me conhece dos livros”.

O ano de 1971 não deixa dúvidas: Clarice resolveu que sim. Passou a frequentar os ensaios do show “Rosa dos ventos”, escreveu textos especiais para o espetáculo e entregou a Bethânia e Fauzi Arap, diretor do show, o manuscrito de “Água viva”, que seria lançado apenas dois anos depois. Quem foi ao show (ou posteriormente ouviu o registro em disco) se surpreende ao final do livro. O último texto do espetáculo é uma adaptação dos parágrafos de encerramento do romance.

Foi também em “Rosa dos ventos” que Bethânia passou a incluir poemas de Fernando Pessoa em seus shows. Tomou a liberdade de cortar versos e reorganizar o poema VIII de “O Guardador de Rebanhos” — que acabou ficando famoso como “O poema do Menino Jesus” — para chegar a uma construção infinitamente mais doce do que o poema original. Moldou-o para tirar o fôlego do público e encerrar o primeiro ato do espetáculo.

Ao tomar emprestadas palavras e fazer a sua colagem particular de poesia e música, Bethânia passou a inventar a sua própria dramaturgia para a cena e, por tabela, inundou o seu público de referências poéticas. Levante a mão quem primeiro se apaixonou por Fernando Pessoa num show ou disco, para depois ir buscar o livro.

“Rosa dos ventos” marca a realização plena da linguagem que Bethânia criou para si e que se desdobraria ao longo da sua carreira. A densidade poética, a fé e as referências ao Recôncavo Baiano estão evidentes. No repertório, liberdade para ir de um ponto de Oxum até um tango de Gardel.

A mística do espetáculo instaurou-se, e o público, impactado, voltou para revê-lo inúmeras vezes. No último dia da temporada, era grande a confusão na entrada. Bethânia botou parte do público em cima do palco e fez o espetáculo com o teatro de portas abertas.

Tem razão quem disse que “Bethânia fala muito de como é”. É do palco que há 50 anos ela nos conta seus mistérios e desassossegos, equilibrando em seu trapézio o canto e a palavra falada, passeando o público pelo seu mundo encantado de sereias, caboclos, lendas e magias.

Clarice foi assistir a “Rosa dos ventos” e saiu exclamando: “Faíscas no palco! Faíscas no palco!”. Voltou um segundo dia e, ao final do show, no alto de uma escada em meio à barulheira do camarim, gritou: “Esse show não termina nunca”. Fez-se silêncio, e ela continuou: “Já vim uma vez, hoje é a segunda, e eu sei que vou voltar muitas vezes. Maria Bethânia, esse show não termina nunca, é um show eterno”.

*Marcio Debellian é diretor do filme “(O vento lá fora)” (2014) e autor do argumento e roteirista do documentário “Palavra (en)cantada” (2008)

Marca autoral: um olhar sobre a discografia da cantora

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'Maria Bethânia', 1965

Capa do disco 'Maria Bethânia', de 1965 - Reprodução

Com apenas 18 anos, ela parecia já ter certeza do que queria em sua carreira, trazendo temas adultos: “Carcará”, Noel Rosa, Era do Rádio, Batatinha, o lançamento do mano Caetano como autor e de Gal com cantora e até cantiga de ninar. Tudo com uma marca autoral tão forte que foi saudado pelo maior crítico da época, Sylvio Tulio Cardoso, em O GLOBO, como “o maior disco vocal de 1965”. Quanto à cantora, considerou-a a melhor intérprete desde a aparição de Maysa, em 1956: “Bethânia é tão diferente, tão exclusiva, tão ela mesma, que não adianta gastarmos dez laudas tentando dar uma ideia ao discófilo de como é a sua voz e seu estilo”.

'Recital na boate barroco', 1968

Depois do início de carreira bombástico, Bethânia se isolou e só voltou a convite de Guilherme Araújo para cantar numa boate de Copacabana o repertório que lhe desse na telha. Mudou sua imagem, com perucas e colares, tirou “Carcará” do repertório e, acompanhada do Terra Trio, mandou ver misturando canções de vanguarda tropicalista com o melhor do cancioneiro brasileiro pré-bossa nova, à época considerado o suprassumo da cafonice.

Rosa dos Ventos, 1971

Das boates, Bethânia passou às grandes temporadas em teatros, dirigida por Fauzi Arap. O registro desse show, embora com som rudimentar e roteiro fragmentado, é “encantado” como diz o subtítulo, com canções identificadas com os quatro elementos básicos do universo: fogo, água, terra e ar, além do “eu-difícil” de cada mortal. Era a primeira vez que dizia poemas num disco. Foi um espetáculo que mudou o conceito de shows de cantores no Brasil, bem teatral, causando catarse do público.

Drama/Drama 3º ato, 1972/73

Produzido por Caetano, de volta do exílio, “Drama” (que significa também “ação” e “teatro”) conta com canções de protesto cheias de metáforas, delícias românticas e resgates da Era do Rádio. O show de lançamento acrescentou inúmeros poemas e canções de diversas épocas, resultando num memorável álbum ao vivo de verve não tanto política, mas com algo existencial e um bocado sensorial, sensual: “Drama 3º ato”.

A cena muda, 1974

A concepção original desse espetáculo era abordar a faca de dois gumes do sucesso, representado pelo ouro e o poder dos alquimistas. Mas seu subtexto político o fez ser um dos shows mais ousados de resistência à ditadura, muito censurado durante a temporada, que chegou ao disco em primoroso registro ao vivo, com músicas de letras recitativas, cheias de adjetivos hiperbólicos e metáforas, cantada de forma bem exagerada, como convinha aos ânimos exaltados da época: “Gás neon”, “10 bilhões de neurônios”, “Demoníaca”, “Midas”...

Chico Buarque e Maria Bethânia ao vivo, 1975

Para comemorar 10 anos de carreira, a Philips lhe deu o que ela quis de presente: “Um disco com Chico Buarque”. Naquela altura, ela já podia ser considerada a melhor intérprete do compositor (no ano seguinte, “Olhos nos olhos” foi sua primeira gravação a fazer sucesso nacional, levando sua voz às rádios AM). Mas ela também imprime sua marca em joias de autores diversos. De “Foi assim” e “A camisola do dia” a “Cobras e lagartos” e até “Gïta”.

Pássaro da Manhã, 1977

Um disco delicado, porém intenso, que trata de amor, esperança e liberdade. O primeiro em estúdio em que intercala poemas e músicas, com o melhor de Chico, Caetano, Gonzaguinha e da Era do Rádio, incluindo um texto-tributo de sua própria autoria à sua musa, Dalva de Oliveira. Musicalmente, consolidava sua parceria com o produtor (e guitarrista) Perinho Albuquerque.

Álibi, 1978

Capa do disco 'Álibi', de Maria Bethânia - Reprodução

Com “Álibi”, Bethânia foi a primeira cantora brasileira a atingir a marca de 1 milhão de LPs vendidos (800 mil só no primeiro ano), munida de um repertório irresistível que caiu no gosto do público, com novidades como “Explode coração”, “O meu amor”, “Sonho meu” e a faixa-título, de um Djavan iniciante, além de recriações de “Negue” e “Ronda”. Muito romântica.

Mel, 1979

Na linha do LP anterior, lançou músicas maravilhosas, vendeu mais de 800 mil cópias com elas (“Mel”, “Da cor brasileira”, “Cheiro de amor”, “Grito de alerta”, “Infinito desejo”, “Ela e eu”) e ainda lançou Angela Ro Ro (“Gota de sangue”).

Talismã, 1980

Fechando uma trilogia romântica visceral e de grande apelo popular, esse LP traz também canções existenciais e místicas fortes do mano Caetano, recria sambas-canções e boleros da década de 1950 e ainda lança o antológico samba de Dona Ivone Lara “Alguém me avisou”.

Ciclo, 1983

Na contramão da parafernália eletrônica que dominava a MPB de então, Bethânia radicalizou e realizou um disco intimista e acústico, dez anos antes de isso virar modismo. Ainda emplacou o sucesso “Fogueira”.

Dezembros, 1986

Após 14 anos na Philips, Bethânia estreou na RCA com um disco de fôlego mais comercial, uma superprodução turbinada por Caetano e Guto Graça Mello que emplacou canções em trilhas de novelas, lançou (com letra de Chico Buarque) o bolero “Anos dourados”, de Tom, conhecido apenas na versão instrumental do seriado homônimo, e obteve sucesso com a toada “Gostoso demais”, de Dominguinhos e Nando Cordel.

As canções que você fez pra mim, 1993

Depois de uma série de discos com ênfase em arranjos mais acústicos ou conceituais, Bethânia volta ao popular com uma seleção arrebatadora de Roberto & Erasmo, com a sorte de ter os arranjos de cordas feitos por um maestro estrangeiro que não tinha qualquer vínculo afetivo com as canções do Rei (Graham Preskett).

Âmbar/Imitação da vida, 1996/97

Foi a partir de “Âmbar” que Bethânia renovou seu repertório com canções da chamada nova MPB, de Chico César, Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Adriana Calcanhotto. O belo CD de estúdio (talvez o mais caro da cantora, com o melhor som, gravado em sete estúdios diferentes e mixado em outros três) virou um memorável espetáculo lançado em CD duplo, “Imitação da vida”, de pegada existencial e muita poesia, que trouxe Fernando Pessoa para as FMs, com o poema “Cartas de amor”, intercalado com o velho samba-canção “Mensagem”, sucesso de Isaurinha Garcia.

CD/DVD Brasileirinho, 2003/04

A partir de 2002, Bethânia assinou com a Biscoito Fino, radicalizando ainda mais sua marca autoral. A maioria de seus discos/shows tiveram formato bastante acústico, com arranjos de Jaime Alem, que vinha trabalhando com ela desde os anos 1980, e ênfase nas canções que remetem às suas raízes santo-amarenses/sertanejas, na busca de um Brasil mais profundo e original. Esse CD de estúdio, bem como o show antológico que realizou para lançá-lo (disponível em DVD), foram possivelmente seus trabalhos mais completos dentro dessa sua nova fase, ainda mais independente.

*Rodrigo Faour é jornalista, produtor e historiador de MPB

Maria Bethânia celebra com show e livro-DVD os 50 anos de uma carreira sem concessões

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Maria Bethania faz 50 anos de carreira - Fabio Seixo

RIO - Maria Bethânia apresentava sua interpretação de “Carcará” em sua estreia no espetáculo Opinião — no qual substituía Nara Leão — e, naquele histórico 13 de fevereiro de 1965, plantava as bases da carreira que, agora, tem seus 50 anos anos celebrados no show “Abraçar e agradecer”, no Rio (a partir de sábado) e em São Paulo (em março). O marco, porém, se afirma menos pelo fato de a música ter se tornado um sucesso enorme na voz da cantora e mais pela forma como a artista reagiu a isso. Aos 17 anos, ela já sabia muito do que queria.

— Na hora em que cantei “Carcará”, todo mundo tomou aquilo pra si — lembra Bethânia, hoje com 68 anos. — “Carcará” pertencia ao Brasil, e ai de mim se não fizesse o que o Brasil queria. Por isso fui-me embora logo. Porque se fizesse um show de uma hora e cantasse uma hora de “Carcará” estava ótimo. Se eu cantasse 58 minutos de “Carcará” e dois minutos de “Olhos nos olhos”, zero! Não podia trocar de roupa, não podia soltar meu cabelo. “É o tesouro do Brasil!” Não, alto lá! Posso até ser, fico honrada, mas existo. Não sou só isso. Tanto que fui e voltei com vestido longo, dez perucas, para nem lembrarem. E uma condição: não cantar “Carcará”. Depois cantei de novo, foi só um tempinho para entenderem, um “larga do meu pé, vai chatear outro”.

A cantora que surgia ali, como ela descreve, apontava para o lado oposto ao da secura de “Carcará”:

— Voltei cantora da noite, meio cafona, com música que ninguém cantava, de um repertório romântico mais brega, de que eu sempre gostei. Não era nem Tropicália nem bossa nova. A Tropicália era outro uniforme, mas tinha o mesmo rigor da bossa. Tinha a roupa, o comportamento. Ambos lindíssimos, e eu passeei bem nos dois. Mas do meu jeitinho, sem me aprisionar.

EM BUSCA DE “CANÇÕES DE AMOR SIMPLES”

Mesmo referindo-se a seus primeiros passos, as falas de Bethânia carregam marcas que definem toda a sua trajetória. A liberdade, o olhar do Brasil interiorano (bastante explorado a partir de “Brasileirinho”, de 2003), o gosto pela canção popular. Marcas que seguem presentes em “Abraçar e agradecer”, espetáculo que ela define como repleto de silêncios (“Tenho trabalhado em coisas meio lentas, para mim tem sido tão importante isso, quando consigo um lugar que não está na balbúrdia geral digo: ‘Ah, Deus’”) e que segue nas frentes de brasilidade e romantismo que atravessam a carreira.

— Quero tocar o coração das pessoas. Nasci para fazer isso. Seja uma canção de amor, seja uma cantiga a favor dos índios, gritando que o Brasil está bonito ou feio — define ela, detalhando como pede músicas para os amigos. — Para Chico César, eu disse: “Você pode fazer uma canção de amor simples? Porque agora as canções de amor dos meus melhores compositores são tão difíceis, tenho que olhar dicionário... Meu amor não é assim, é rebentão. Dá pra ter uma dessas assim?”. Sinto falta disso. Esse calor que a música brasileira tem demais. É lindo ser uma intérprete que joga o veneninho e deixa a pessoa se virar.

Bethânia explica que, quando canta uma dessas “canções de amor simples”, ela o faz numa abordagem que difere da dos tropicalistas.

— Ali era político — avalia. — Para mim, não, passa por aqui (aponta para o peito). Ah, meu filho, sou uma bobona. A Gaby Amarantos, por exemplo, tem um jeito de mostrar uma canção tão pessoal que é verdade, me passa lindo. Gosto de Zezé di Camargo e Luciano, já gravei. Fiz uma brincadeira com Bruno & Marrone, cantei “do jeito que você me olha vai dar namoro”. Tem uma deles que adoro: “Quer, quer, quer, quer casar comigo?” (canta). Acho lindo perguntar assim numa canção. Quando fazem de verdade me convencem. Mas, quando vejo que está programado para convencer, adeus Guacira. E é o que tem mais, né? É mais difícil fazer o real.

A popularidade que importa a Bethânia, ela explica, é a de se comunicar com as pessoas. Ela se orgulha de ter conduzido sua carreira resistindo a pressões de gravadoras na busca exclusiva por altas vendagens.

— Só faço se quiser e como quiser. Muito disco meu ficou na gaveta por isso, foi lançado de qualquer jeito, para ninguém prestar atenção. “Ciclo” (1983), meu melhor disco, é um deles. A gravadora queria que eu seguisse um rumo que deu certo, vendeu, de “Álibi”. Mas disse: “Não tem que fazer assim, não tem repertório para isso, quero fazer outra coisa”. Porque no fundo não é o mais importante para mim o estrondoso sucesso. Tanto que minha vida se mantém numa área luminosa, mas serena. Não é nenhuma explosão. Teve “Álibi” em 1978, que vendeu um milhão de cópias, a primeira mulher a fazer isso. Mas não quis seguir porque aí começa a ficar sem assinatura. “Sei vender bem”. Ótimo, então vá vender sabonete. Artista, não.

No novo show, além da “canção de amor simples” de Chico César, Bethânia mostra outras músicas feitas especialmente para a celebração — de autores veteranos como Paulo César Pinheiro e Dori Caymmi. E pelo menos uma jovem compositora — Bethânia sempre lançou luz sobre a obra de compositores mais jovens, como Arnaldo Antunes e Vanessa da Mata.

— Tem uma paraibana que reside na Bahia, Flavia Wenceslau, que Chico César me apresentou e me comoveu muito — conta ela, que adianta mais do repertório. — Escolhi Pena Branca & Xavantinho, Chico Lobo, muita coisa inédita em minha voz. E o disco “Meus quintais” (o mais recente de estúdio) veio mais forte do que eu imaginava para o show.

Marisa Monte quase entrou:

— Marisa é danada, ótima cantora e compositora. Queria cantar uma coisa dela nesse show, mas não vai dar... Canto ela em casa — revela Bethânia, sem dizer o quê. — Não conto. É privado, para namorar.

Com produção musical de Guto Graça Mello e direção e cenografia de Bia Lessa, “Abraçar e agradecer” intercala as músicas com textos de Waly Salomão, Clarice Lispector e Carmem L. Oliveira (autora de “Flores raras e banalíssimas”). Um viés interpretativo que ela valoriza há décadas em seus shows, desde muito nova.

— Eu fazia teatro. Eu lia muito bem, sempre que tinha coisa para ler me chamavam. Eu subia um degrauzinho que fosse e já estava na ribalta — lembra Bethânia, ressaltando que cultiva uma outra face. — Sou interiorana, travadinha. Mas esses dois lados não brigam. Gosto e preciso das duas coisas. Tive que amadurecer da noite para o dia quando cheguei ao Rio. Uma menina de 17 anos naquela época era uma menina, não uma quase mulher como é hoje. Cheguei e de cara me disseram: “Você vai ficar em tal hotel”. “Hotel não é lugar de moça.” A mulher de Glauber, Rosinha, resolveu: “Ela pode ficar lá em casa”. E isso para eles foi esquisitíssimo. Dei um pouco de trabalho.

“HERANÇA DO MEU ESTILÃO”

Depois de um 2014 marcado pelo lançamento de “Meus quintais” e do documentário “(O vento lá fora)”, de Marcio Debellian, com leituras de poemas de Fernando Pessoa ao lado da professora Cleonice Berardinelli, Bethânia comemorará os 50 anos de carreira em diversas frentes. Além do show, será a grande homenageada com o Prêmio da Música Brasileira, no dia 10 de junho, no Teatro Municipal, e lançará o livro-DVD da leitura “Bethânia e as palavras”, com design de Gringo Cardia. Celebrações de uma artista que, de “Opinião” a “Abraçar e agradecer”, reconhece ter deixado uma herança clara:

— Eu me tornei uma cantora que abriu uma coisa teatral para a música. E foi o Fauzi (Arap, diretor) que fez, mais do que (Augusto) Boal. Apesar do “Opinião” (de Boal) ser teatral, e Boal ter feito para mim o “Tempo de guerra”, foi o Fauzi que vislumbrou em mim que eu ia adorar me expressar com teatro. Essa é única linha que eu deixo de herança do meu estilão.

Nos 50 anos de carreira de Bethânia, uma lista de 50 curiosidades

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Links Maria Bethânia1. Fã da Turma do Bolinha

Bethânia é fã de histórias em quadrinhos, como as de Tio Patinhas, Riquinho, Turma do Bolinha. Em entrevista a Marília Gabriela, em 1992, comentou: “Revista em quadrinhos me descansa a cabeça e me faz dormir. Qualquer coisa em quadrinhos me deixa louca”.

2. Buquê jogado para a plateia

No final do show “Estranha forma de vida”, de 1981, Bethânia jogava um buquê de flores de costas para a plateia.

3 Tudo por uma piscina

Nos anos 1970, em depoimento a Ronaldo Bôscoli, na revista “Manchete”, declarou: “Piscina eu amo. Desde pobre, quando piscina para mim era apenas notícia. Hoje fico perdidamente imersa na minha piscina, turmalina, meio morna”.

4. A mulher de branco

É filha de Iansã, Ogum e Oxóssi. Suas cores são branco (que usa às segundas, quartas e sextas), turquesa, azul-rei e vermelho.

5. A mulher de preto

Até o show “Rosa dos ventos”, quando ainda não era iniciada no candomblé, usava preto. Depois, nunca mais.

6. Os ‘segredos da maison’

No “Jornal do Brasil”, em 1974, a repórter Gilse Campos descreveu a entrada da casa da cantora: “Seis facas pequenas fincadas na porta, em círculo, e uma grande no meio. Uma fita branca, uma tesoura aberta, uma estrela do mar. Mais embaixo uma nota de cem cruzeiros pregada com fita durex, e umas folhas de trigo dentro de um saquinho branco com um preguinho. Tudo isso na parte interna da porta, além de umas plantinhas em vasos cheios d’água. Mas ela não explica o significado de jeito nenhum. Apenas sorri: ‘são segredos da maison. A única arma do candomblé é o segredo’”.

7. Sal na cabeça, cerveja no chão

Quando come pipoca, derrama sal na cabeça, “para Oxóssi”. Quando bebe cerveja, espalha um pouco no chão, “para Omulu, que adora álcool”.

8. Dentro da piscina tem sereia

Se “dentro do mar tem rio”, como canta no álbum homônimo, dentro da piscina tem sereia. Colecionadora de sereias, Bethânia contou ao GLOBO, em 1980, ter mais de 50. Hoje, já perdeu as contas. A maior delas, de ladrilho, decora o fundo da piscina.

9. Cinderela e Branca de Neve

Certa vez, ganhou de Erasmo Carlos de presente uma fita VHS de uma animação erótica com personagens da Disney. Erasmo diz que ela adorou.

10. Bethânia em congresso

Fã-clube de Maria Bethânia em Santo Amaro - Mariana Filgueiras

Em Santo Amaro, há um fã-clube dedicado à cantora: Associação Cultural Rosa dos Ventos. A entidade promoveu, em 2002, o Congresso Brasileiro Sobre o Canto e a Arte de Maria Bethânia, em Salvador, com 200 pesquisadores, músicos e especialistas debatendo sua obra.

11. Palhaço e Saci Pererê

Quando criança, gostava de se fantasiar de palhaço no carnaval, e uma vez representou o Saci Pererê na escola. Adolescente, chamou a atenção em Santo Amaro por usar as unhas pintadas cada uma de uma cor.

12. Barbra Streisand

A primeira vez que foi citada na imprensa internacional, em 1971, foi comparada a Liza Minelli e Barbra Streisand.

13. Ciúme das plantas

Tem ciúmes das suas plantas. E dos seus animais (ela não gosta de gatos, mas adora onças). Põe neles nomes curiosos: já teve uma tartaruga chamada Jorge e uma cachorra chamada Bruma.

14. A música preferida

Sua música preferida é “ O ciúme”, de Caetano Veloso.

15. Berré e a picula

Ainda na infância, Caetano Veloso e Maria Bethânia - Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Seu apelido de infância era Berré. Sua brincadeira preferida era picula (esconde-esconde).

16. Nota 0 em matemática

Na escola, foi reprovada em matemática. Diz ela que tem duas coisas que não entende na vida: matemática e política.

17. O primeiro cachê

O primeiro cachê foi de 3 mil réis. Com “um conto” pagou um passeio de saveiro, com os outros dois comprou um vestido para a mãe, Dona Canô.

18. Cadernos, cadernos, cadernos

Bethânia adora cadernos. Tem uma coleção, e divide seus temas por cores. Em uns escreve ideias para shows, noutros, os sonhos.

19. Queime depois de ler

Os textos autorais, no entanto, queima depois de escrever. Todos. Sem dó.

20. Entalhe e ourivesaria

Gosta de metal e madeira, fazer entalhe, ourivesaria. Assim como Paulinho da Viola, tem formões, martelos, goivas.

21. Gente é pra brilhar

Também houve um tempo em que gostava de pintar com purpurina. Prefere tecidos que brilham: paetê, lamê, cetim.

22. Toda menina baiana?

Não gosta de vatapá, mas adora caruru. E arroz com feijão.

23. Bethânia é tricolor

A diva torce pelo Fluminense.

24. Quebrando tabus

Foi a primeira cantora brasileira a vender 1 milhão de discos, com “Álibi”, em 1978. Com a marca, ela quebrou o tabu de que mulher não vendia discos.

25. Cachaça, perfumes, porquinho-da-índia

Nos anos 1970, tinha o costume de não cobrar ingressos em uma noite de cada temporada. Pedia presentes. “Aparece de tudo: desde chicletes a caixas de uísque . E livros, discos, bonecas, bibelôs, cachorro, gato, coelho, porquinho-da-índia, perfume, doces, joias, tudo quanto é bebida, de Pitu a Moët & Chandon. Já lhe deram até um carro (um bugre)”, publicou o “JB”, em 1974.

26. 0s ‘bethamaníacos’

Um senhor de 50 anos assistiu ao show “A tua presença”, de 1971, 68 vezes. E chorava sempre na mesma hora.

27. Um pé de quê?

Um menino de 9 anos conheceu Bethânia num dia e no dia seguinte foi com os pais assistir ao seu show. Assim que começou, ele disse: “Mamãe, essa daí não é aquela moça, não. Essa daí é uma árvore”.

28. 0s alquimistas estão chegando

A concepção do show “Rosa dos ventos” bebia nos estudos de alquimia que Fauzi Arap fazia desde 1963. As quatro partes do espetáculo eram inspiradas nos elementos terra, água, ar e fogo. O cenógrafo Flávio Império fez uma catedral no palco. Um dos figurinos de Bethânia era um vestido igual ao de sua primeira comunhão, já gasto e surrado, para parecer o original.

29. 0s ‘bethamaníacos’ 2

Segue: numa das apresentações, em São Paulo, o vestido foi roubado por um fã. Ela contou aos jornais, em 1997: “Depois a mãe dele me escreveu uma carta explicando que ele gostava muito de mim, que tinha o vestido guardado em casa. Foi um ataque de amor”.

30. Guerreira, guerrilha

Depois de ficar 40 dias sequestrado por guerrilheiros da VPR, o embaixador suíço Enrico Bucher deu uma festa em sua casa e chamou Bethânia para cantar. Ao fazer a apresentação da cantora, ele explicou que no cativeiro só ouvia Bethânia e Beethoven, e que mal podia acreditar que recebia em sua casa aquela voz que o fizera tão bem. Ele chorou durante toda a apresentação.

31. Grito de alerta

Em diversas entrevistas ela admite a fama de temperamental. “Sou mais temperamental comigo mesma do que com qualquer outra pessoa”, diz ela.

32. Verde-bananeira

Há, no YouTube, breves coletâneas com seus “pitis”. Nos vídeos, ela briga com músicos, técnicos de som, com a plateia. No mais famoso, pediu ao iluminador que tirasse a luz verde sobre ela, que a deixava parecendo “uma bananeira”. O vídeo inspirou o perfil de humor Bethânia Verde, criado por um fã, que já conta mais de 3 mil seguidores no Facebook (leia entrevista com a personagem no site).

33. O maior medo: barata

Tem medo de tudo, conta ela, mas principalmente de barata. “Tenho medo de sair na rua, medo de carro, de avião. Mas no palco eu me transo bem. Se pintar uma barata, bicho que mais me apavora, olho pra ela e e ela já cai dura e preta. Tenho tanto medo de barata que, quando morrer, quero ser cremada, não enterrada, só para não me encontrar com ela lá embaixo”, disse ao GLOBO em 1980.

34. Não dá ré em igreja

Foi um ex-motorista quem contou a superstição: perto de igreja, com Bethânia no carro, não se pode dar ré.

35. A verdadeira abelha-rainha

Bethânia ama Billie Holiday, compra tudo sobre ela: “Ela me leva à loucura, só ela me satisfaz plenamente”, costuma dizer.

36. Cabelos ao vento

Bethânia adora motocicletas. Nos anos 1980, podia ser vista nas ruas de São Conrado montada na sua Yamaha.

37. O frio lá fora

Assim como Caetano Veloso, detesta ar-condicionado.

38. Antonio Banderas

Antonio Banderas é fã fervoroso. Já viajou de um país a outro só para ver show de Bethânia.

39. Bibi Ferreira

Bibi Ferreira afirma que não ouve os discos de Bethânia, mas “assiste” a eles.

40. Maresia, gasolina e batata frita

O primeiro perfume que Bethânia sentiu ao chegar ao Rio, em 1965, foi “uma mistura de maresia, gasolina e batata frita”, disse ela, em entrevista à revista “Carioquice”, na edição deste mês: “Amo esse cheiro até hoje, porque representou um acolhimento para mim”.

41. Bethânia e os escritores

Dedicou o show “Pássaro da manhã” ao poeta Ferreira Gullar, que já escreveu textos para ela, assim como os escritores Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu e Vinicius de Moraes.

42. Treze tiros e um texto

O primeiro texto de Clarice Lispector que Bethânia leu em cena foi “O Mineirinho”, crônica sobre o assassinato, com 13 tiros, de um célebre bandido procurado pela polícia carioca.

43. Fera ferida

No palco, onde costuma correr de um lado a outro, já caiu, quebrou os pés e um joelho.

44. Nem canecão nem canequinha

Bethânia não gostava de cantar no Canecão. Sempre deixou claro que preferia cantar em teatros. Em entrevista ao “Jornal do Brasil”, em 1979, explicou: “Do Canecão eu não gosto. Não da casa, mas do esquema de boate, que todo mundo come e bebe enquanto o cantor está no palco. Acho que isso quebra a motivação do artista”.

45. Muita parafina no cabelo

Ela gosta de saber tudo o que acontece em relação ao espetáculo. Certa vez, num show dos anos 1980, ficou feliz ao saber que as duas primeiras pessoas que compraram ingressos para seu show na bilheteria foram uma mulher grávida e um surfista. “Não é um barato? E o surfista ainda deixou um recado pra mim, dizendo que vai colocar muita parafina no cabelo para brilhar bastante e eu poder vê-lo do palco. Esse é meu público.”

46. O mel do melhor

Lançado em 1979, o disco “Mel” levou esse nome por um fato curioso: quando preparava o repertório, Bethânia ouviu cerca de 400 fitas de compositores de todo o Brasil, de autores conhecidos ou não. E, das 50 músicas selecionadas, 30 tinham “mel” na letra. “Acho que está todo mundo querendo tirar a cabeça da dureza e enfiá-la no mel”, disse a cantora à época.

47. Mãe menininha

Mãe Menininha do Gantois ao lado da cantora Maria Bethânia - Agência A Tarde / Agência A Tarde/25-1-2007

A primeira vez que foi a um terreiro de candomblé foi no Rio de Janeiro, não na Bahia. Na Bahia, quem a levou ao terreiro de Mãe Menininha do Gantois foi Vinicius de Moraes.

48. Placa de bronze

Na frente da casa de Dona Canô, a prefeitura de Santo Amaro mandou botar uma placa de bronze em 1981 com os dizeres: “Bethânia, de tuas cordas vocais emerge esta gente bonita, tua voz é a melhor notícia da terra que te gerou”.

49. Vestibular de solidão

Usa expressões peculiares, como “caindo de linda” ou “caindo de maravilhoso”. Chama “fim de caso” de “vestibular de solidão”.

50. Um copo d’água, por favor?

Ela bebe água o tempo todo. “Até dormindo”, já disse em diversas entrevistas. O hábito chama tanto a atenção que é a primeira cena do documentário “Pedrinha de aruanda”.

Projeto 'Luz, câmera 50 anos', da Globo, traz de volta clássicos como 'O pagador de promessas'

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RIO - Adaptada da consagrada peça de Dias Gomes (1922-1999), a minissérie traz José Mayer como Zé do Burro, homem humilde que se transforma num mártir ao, simplesmente, tentar pagar uma promessa depois que Nicolau, seu burro, sofre um acidente e fica entre a vida e a morte. O posseiro, então, promete a Iansã (Santa Bárbara, na religião católica) que, caso o animal se recupere, vai levar uma enorme cruz de madeira de Monte Santo, no interior da Bahia, onde vive, até a igreja da santa em Salvador. Dirigida por Tizuka Yamasaki, a série conta ainda com Denise Milfont como Rosa, a mulher de Zé do Burro, Walmor Chagas como o padre Olavo, e Carlos Eduardo Dolabella como o latifundiário Tião Gadelha, entre outros.

Originalmente exibida em oito capítulos, a produção volta nesta terça-feira, dia 6, à Globo no formato de um telefilme, parte do projeto “Luz, Câmera 50 anos”, que inicia as comemorações do aniversário da emissora exibindo 12 séries e minisséries reeditadas. Inicialmente, os telefilmes passam após “Império”, depois serão exibidos em seguida ao “Big Brother Brasil”. Nesta segunda, dia 5, o projeto estreia com “O canto da Sereia”, quinta é a vez de “Força tarefa”, e sexta de “Maysa - Quando fala do coração”. Ainda serão exibidas “Lampião e Maria Bonita” (1982), “Anos dourados” (1986) e “Presença de Anita” (2001), entre outras.


Zezé di Camargo & Luciano falam sobre sexo em estreia de temporada de humorístico

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RIO — Ano Novo, temporada nova do “Tudo pela audiência”. Tatá Werneck e Fábio Porchat comandam, a partir desta segunda, às 22h30, uma leva de episódios fresquinha da atração do Multishow.

— Essa experiência continua diferente de tudo o que já fiz antes. Temos muita liberdade no programa. Temos um roteiro, mas ele não precisa ser seguido fielmente. Então, improvisamos bastante — conta Tatá, que, ao lado de Porchat, recebe Zezé di Camargo & Luciano no programa de estreia.

Os sertanejos participam de quadros como: ‘Kama Surta’, sobre sexo; 'Tá Lento ou Tá Louco?', no qual são jurados; 'Alô Fidelidade'‘, no qual Tatá teste a fidelidade de um integrante que trabalha na equipe da dupla; e 'Troka Trokaraokê’, novo quadro que testa o conhecimento dos cantores sobre suas próprias músicas.

A comediante diz que ela e Fábio se dão muito bem porque têm “uma energia e um humor complementar”.

— E, ao mesmo tempo, temos maneiras diferentes de trabalhar. Fábio, por exemplo, se dá bem acompanhando o teleprompter; eu já tenho uma pequena dificuldade — entrega ela, aos risos.

A cumplicidade entre os dois é confirmada por Porchat.

— Trabalhar com a Tatá é garantia de dar risada eternamente. O jeito dela é naturalmente engraçado, ela é engraçada até quando não quer ser — elogia ele.

Por mais desenvolto que pareça no palco, Porchat assume que comandar a atração não é das tarefas mais tranquilas:

— É a primeira vez que sou apresentador de um programa, parece fácil mas tem muita coisa para administrar.

Resumos: Veja o que acontece nos capítulos desta segunda-feira

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RIO - O segredo de Vitória (Bianca Bin) está cada vez menos secreto em "Boogie Oogie". No capítulo de hoje, Carlota (Giulia Gam) conta para Beatriz (Heloisa Périssé) que a garota não está doente. Já em "Alto astral", a voz comunica a Caíque (Sergio Guizé) que haverá uma explosão na final do Mundialito de Tênis.

MALHAÇÃO

Bianca e Duca dançam na festa e todos observam. Delma percebe as investidas de Nando e se afasta. René pensa em reatar com Dandara. Joaquina vai atrás de Gael, que se assusta com a nova aluna. Pedro e Karina namoram escondidos de Gael. Wallace e Bárbara atrapalham Bianca e Duca. Bianca chega em casa e Gael percebe que foi enganado por Karina sobre a presença de Pedro. Sol decide esperar Wallace para voltar para casa. Delma tenta conversar com Gael sobre a relação de Pedro e Karina. Sol fica chateada quando Wallace convence Bárbara a acompanhá-los. Delma convida Gael e Karina para almoçar com ela e Pedro. René beija Dandara e Gael vê os dois.

BOOGIE OOGIE

Sandra e Rafael discutem com Pedro. Vitória finge passar mal ao ver Elísio destratar Beatriz. Rafael convence Sandra a não contar para Beatriz e Elísio sobre a farsa de Vitória. Sandra pede para Paulo se afastar de Vitória e se enfurece ao descobrir que ele já sabe da farsa da rival. Inês pede para Tadeu defender Susana. Mário e Gilda afirmam que querem Susana fora da Star Trip. Cláudia ouve Vitória conversando com Daniele. Sandra decide contar a farsa de Vitória para Madalena. Beto e Fernando convencem Vitória a reunir toda a família para revelar que não está doente. Augusta não deixa Vicente procurar Madalena. Carlota se enfurece com Vitória. Sandra confirma a Elísio que Vitória mentiu. Carlota conta para Beatriz que Vitória não está doente.

ALTO ASTRAL

A voz conta para Samantha que haverá uma explosão na final do Mundialito de Tênis. Gaby sente ciúmes de Emerson, ao perceber que Liz está interessada por ele. Tina, Manuel e os filhos comprovam pelo vídeo que foi gravado que é Afeganistão quem cozinha, mas sonâmbulo. Samantha vai com César e Pepito assistir ao campeonato de tênis. Laura tenta obter informações do passado de Úrsula, que se incomoda. O enfermeiro vê Caíque conversando com Bella e deduz que ele está tendo alucinações. Samantha interrompe o jogo de tênis e avisa a todos que há uma bomba no estádio. Suzana recebe uma intimação para depor no caso do desaparecimento de Oscar. Caíque finge tomar o remédio. Do helicóptero, Samantha, César e Pepito assistem à explosão do estádio.

CHIQUITITAS

Chico, que continua transformado mentalmente em criança, apronta travessuras na cozinha. Binho pede ajuda a Samuca, que assume a máquina modificadora de idade e consegue fazer Chico voltar ao normal. Junior conta a Carol que Andreia pediu para que ele passe mais tempo com ela e Diego. Carol fica um pouco receosa, mas aceita. Eduarda aconselha Maria Cecília a acabar de vez o relacionamento com Tobias. No Orfanato, Carol comunica as crianças que Pata e Mosca vão morar com a tia. Todos ficam tristes. Andreia vai até o Orfanato para falar com Carol. Andreia fala que quer passar esse tempo que a resta de vida mais próxima de Junior para Diego sentir o amor de uma família. Ela também pede para Carol se afastar. Carol, comovida, pergunta como Andreia tem certeza que tem pouco tempo de vida. Andreia diz que o médico foi muito sincero e falou que nenhum tratamento pode reverter o caso dela. Carol, arrasada, aceita o pedido. Andreia pede que ela não comente nada com Junior sobre a conversa. Mili, triste, senta na escada. Mosca a consola e diz que irá amá-la para sempre. Eles se abraçam. O caminhoneiro para pra fazer um lanche e Miguel aproveita para sair do caminhão. Graziele busca Mosca e Pata. As crianças se despedem. Duda chega de surpresa, oferece ajuda a Pata e a abraça. Miguel pede informação em um bar e descobre que foi parar em Goiás. Juca volta e procura emprego no bar de Cícero. Pata e Mosca chegam à casa de Graziele. Andreia vai ao escritório de Junior e diz que comprou os ingressos para irem ao cinema com Diego. Junior avisa Carol. Carol conta para Chico sobre o pedido de Andreia. Chico pergunta se ela não vai contar para Junior. Carol diz que está em dúvida, pois tem medo de contar, Junior briga com Andreia e ela afastar Diego. Neco visita Lúcia, mas a garota não aparece. Miguel é assaltado. Mili comunica Carol que decidiu ir morar, temporariamente, na mansão doa Almeida Campos com Gabriela. Carol pergunta se falhou com ela. Mili diz que a ama muito e que ela não deve ficar preocupada. Mili explica que se sente protegida ao lado de Gabi, como se fosse uma menina no colo da mãe. Carol a entende. Cícero emprega Juca como garçom. Mosca e Pata encontram Juca no bar. Carol chama Gabi no Orfanato. Mili comunica Gabi que decidiu ir morar com ela. Gabi fica muito feliz. Samuca inventa um boné para perder a timidez. Samuca elogia Bia, Cris e Vivi e elas estranham.

IMPÉRIO

José Alfredo explica por que Cristina deve concordar com a exumação de seu suposto corpo. Danielle afirma a Maria Marta que não tem um caso com Maurílio. Xana sugere que Naná traga Luciano para a festa que fará em sua casa. Magnólia finge ser Beatriz para convidar celebridades para sua festa. Danielle afirma a Maurílio que pode controlar José Pedro. Salvador sai com Helena, e Orville pede para Jonas armar um leilão com seus quadros. Com a ajuda de Cristina, José Alfredo conhece seus netos. Josué prepara o novo plano do Comendador. Naná descobre que Luciano será adotado. Helena desconfia de Orville. Maurílio informa a Maria Marta que se mudará para a mansão.

VITÓRIA

Priscila aceita se encontrar com Artur. Javier insiste para Artur não se unir a ela. Diana ouve a conversa e recrimina Artur por tentar firmar parceria com a neonazista. Decidido, Artur separa uma boa quantia em dinheiro para oferecer à Priscila. Renata diz que sempre estará ao lado de Zuzu, deixando-a emocionada com o carinho. Laíza, Bernardo, Mossoró e Diana alertam que Priscila não é confiável. Artur conta que precisa agir o quanto antes, já que Iago pode atacar a qualquer momento. Diana se chateia ao sentir que ele não desistirá da ideia. Laíza e Mossoró concordam em expor para Artur o plano contra Iago. Paulão critica a decisão de Priscila aceitar ser parceira de Artur, mas ela conta que receberá bastante dinheiro em troca. Artur aguarda Priscila na casa de Bernardo. Priscila avisa que vai sair com Paulão, porém Iago resolve acompanhá-los. Luciene fala para Diana ter calma, pois Artur sabe o que está fazendo. Dante e Virgulino disfarçam o desconforto ao verem os professores comemorando a compra da casa. Quim se emociona ao se despedir de todos e lamenta ter que deixar a cidade porque corre risco de vida. Iago surpreende todos ao chegar no bar Dois a Dois. Revoltado, Mossoró manda ele se retirar. Antes de sair, Iago encara Beatriz. Priscila conta que Dante escondeu a verdade dos professores e avisa que a casa foi vendida para Maria Zilda. Os professores ficam perplexos com a notícia. Bruno não consegue aceitar a atitude da mãe de querer prejudicá-lo. Nelito e Ricardinho mentem um para o outro que não estão se relacionando com Luciene. Luciene revela para Diana que irá decidir entre Nelito e Ricardinho. Durante o show de Laíza, Jorge percebe o olhar malicioso de Nelson para ela. Jorge impede Nelson de agarrá-la e se decepciona ao saber que ele é um antigo cliente de Laíza. Sabrina questiona se Ari tem alguma novidade sobre a investigação das escutas que foram plantadas na casa dela. Ramiro diz que as informações são confidenciais, deixando a filha irritada. Ari conta ao delegado que os computadores de Netto e Katia estão limpos, mas faltam analisar os de Bárbara e William. Ramiro afirma que eles estão pertos de descobrir quem é o comparsa de Iago na delegacia. Priscila avisa Paulão que pode matar o maior inimigo de Iago e ser recompensada por isso. Matilde e Tadeu ficam chocados ao saberem que Zuzu foi diagnosticada com Alzheimer. Bruno agradece Virgulino por ser um amigo fiel. Priscila pega uma pistola e pede que Paulão espere do lado de fora, deixando-o injuriado. Priscila revela para Artur que Iago poderia lhe pagar uma fortuna caso matasse ele.

Netflix está bloqueando usuários que burlam o sistema para acessar catálogos de outros países

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Netflix está bloqueando usuários - Reprodução

LONDRES - A Netflix começou a bloquear assinantes que usam ferramentas para mascarar seu país de origem, obtendo acesso ao catálogo de outras localidades. Cedendo à pressão dos estúdios de cinema, que querem controle total do que as pessoas assistem e onde, o gigante de streaming está reprimindo os usuários que burlam as restrições de localização geográfica.

Embora a Netflix tenha planos de expandir para novos territórios, o serviço está disponível em apenas duas dezenas de países, cada um com sua própria biblioteca.

Alguns usuários estão usando ferramentas para enganar os servidores da Netflix, para que acreditem que eles estão em outra parte do mundo, conseguindo acesso a um conjunto diferente de filmes e programas de TV.

Os grandes estúdios, insatisfeitos que usuários da Netflix estejam desrespeitando seus acordos de licenciamento, pediram para que o serviço identificasse e punisse usuários que usam ferramentas para burlar suas informações de localização.

Assinantes de serviços de VPN, usados para mascarar a localização dos usuários, relataram ter recebido mensagens sobre o bloqueio de suas contas.

Nas redes sociais, usuários preveem um movimento de cancelamento de contas da Netflix e aumento da pirataria. O Hulu, outro serviço de streaming popular nos EUA, recentemente empregou medidas semelhantes.

Aos 81 anos, dramaturgo Chico de Assis morre em São Paulo

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SÃO PAULO — O dramaturgo Chico de Assis, de 81 anos, foi encontrado morto neste sábado em seu apartamento nos Jardins, bairro nobre de São Paulo. O corpo foi velado neste domingo no Teatro Arena, no Centro da capital, e foi cremado no cemitério da Vila Alpina no distrito de Vila Prudente, na região Sudeste da cidade.

Chico nasceu em 10 de dezembro de 1933 e começou a carreira como cinegrafista na TV Tupi. Depois, passou a trabalhar como ator e dramaturgo. Ainda na emissora, escreveu novelas de sucesso e também foi responsável por grandes sucessos da dramaturgia na TV Globo e TV Cultura.

Na rede Globo, escreveu a primeira novela das 6, "Bicho do Mato", em 1972, que trazia como protagonistas Osmar Prado e Debora Duarte. Na TV Cultura assinou "O Coronel e o Lobisomem".

O dramaturgo também foi um dos grandes nomes do Teatro do Arena. Ele fez parte da fundação do Seminário de Dramaturgia do Arena e do laboratório de interpretação. Seu repertório teatral é composto por mais de 30 peças, entre elas "Missa Leiga", "O testamento do Cangaceiro", "As aventuras de Ripió Lacraia" e "Xandu Quaresma".

No ano passado, ele recebeu a condecoração da Ordem do Mérito Cultural do Brasil, pelo seu trabalho no teatro e no ensino da dramaturgia.

CARREIRA PROFÍCUA

Como ator, escritor, professor, roteirista e dramaturgo, Francisco de Assis Pereira, ou Chico de Assis, era considerado uma das figuras mais importantes e admiradas da cultura paulistana. O autor fez parte da primeira geração do Teatro de Arena como ator e escritor enquanto aprendia televisão como câmera, fazendo um pouco de tudo na rede de televisão pioneira do Brasil, a TV Tupi de São Paulo, e escrevendo telenovelas de sucesso como "Ovelha Negra" (1975), "Xeque-Mate" (1976), "Cinderela 77" (1977) e "Salário Mínimo" (1978). Depois no Rio, fez parte do famoso Centro Popular de Cultura e foi um dos autores da "Canção do Subdesenvolvido", junto do compositor Carlos Lyra, proibida durante o regime militar.

Autor do texto da célebre peça "Missa Leiga", dirigida por Ademar Guerra em 1972 e também levada para países lusófonos como Portugal, Angola e Moçambique, Chico também escreveu roteiros para o cinema, como "Na Estrada da Vida", de Nelson Pereira dos Santos (1980), e "Fuscão Preto", de Jeremias Moreira Filho (1983).

Muito interessado pela cultura popular, em especial pela literatura de cordel, o dramaturgo também desenvolveu obras inspiradas nela: "O Testamento do Cangaceiro", "As Aventuras de Ripió Lacraia", "Farsa com Cangaceiro", "Truco e Padre", além de "Galileu da Galileia", peças que agora são editadas em livro pela primeira vez na Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado, no seu trabalho de registro de preservação da memória cultural brasileira.

450 anos do Rio inspiram temporada de música clássica

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450 anos do Rio inspiram a temporada clássica de 2015, com uma profusão de obras de compositores nacionais e a presença nos palcos do primeiro time de artistas brasileiros - Arquivo

RIO — As comemorações pelos 450 anos do Rio inspiram a temporada clássica de 2015, com uma profusão de obras de compositores nacionais e a presença nos palcos do primeiro time de artistas brasileiros. A Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), que também celebra os seus 75 anos, abre os trabalhos em 7 e 8 de março, na Cidade das Artes, com a integral das “Bachianas brasileiras”, executadas em dois concertos, sob regência do titular Roberto Minczuk. A Petrobras Sinfônica (Opes) comissionou oito obras escritas por oito compositores. A primeira peça, “Poéticas sonoras do Rio”, de Wellington Gomes, é atração em 7 de março, no Municipal.

O ano é marcado ainda pela volta da Sala Cecília Meireles, com séries que contemplam estilos diversos e que, pela primeira vez, começarão no verão. A sala, que produzirá até ópera, apresenta, em 10 de março, “Renaud”, do italiano Antonio Sacchini, obra barroca nunca encenada na América do Sul. O Teatro Municipal ainda fecha detalhes da sua programação, mas adiantou os quatro títulos líricos previstos: “O rapto do serralho”, de Mozart, “O navio fantasma”, de Wagner, “La Traviata” , de Verdi, e “Romeu e Julieta”, de Gounod.

Embora o número de estrelas internacionais não seja volumoso, a cidade receberá nomes como o pianista russo Evgeny Kissin, o regente húngaro Iván Fischer e a Budapest Festival Orchestra (ambos na série O GLOBO/Dell’arte Concertos Internacionais), o violinista israelense Pinchas Zukerman e o regente catalão Jordi Savall, com o grupo de música antiga Hespèrion XXI. Os programas lembram também 150 anos de nascimento dos compositores Carl Nielsen e Jean Sibelius.

Eliane coelho

A cantora carioca faz recital, no próximo dia 24, na Cecília Meireles, ao lado do pianista Luiz Gustavo Carvalho, com obras de Tchaikovsky, Rachmaninoff e Strauss. Em 13 de maio, ela se apresenta com a OSB, na mesma sala, regida pelo novo maestro assistente Lee Mills.

“Bachianas Brasileiras”

As nove peças de Villa-Lobos serão divididas em dois dias. O pianista Jean-Louis Steuerman estará com a OSB na “Bachaina nº3”, e a soprano Rosana Lamosa defenderá a de nº 5. Verdadeiro tour de force, sob regência de Roberto Minczuk. Dias 7 e 8 de março, na Cidades das Artes.

Paulo Szot

O programa da Opes inclui obras de Caldi, Sibelius e Mussorgsky e conta com a voz aveludada do barítono pop. Dia 20 de março, no Municipal.

Nelson Freire

Schumann com o lirismo que Nelson Freire esbanja. O pianista estará à frente da OSB regida por Minczuk, no “Concerto para piano em lá menor, Op. 54”. O programa abre a série de assinaturas da orquestra. Dia 28 de março, no Municipal.

Internationale Bachakademie Stuttgart

A orquestra alemã especialista em Bach traz a sua “Missa em si menor” na abertura da série O GLOBO/Dell’arte Concertos Internacionais. Com a presença do coral de 200 vozes Gaechinger Kantorei. Dia 9 de abril, no Municipal.

Deutsche Kammerphilharmonie Bremen

Também pela série O GLOBO/Dell’arte, uma bela revisão de interpretações marca o trabalho de qualidade do grupo camerístico liderado por Paavo Järvi. O solista será o violinista finlandês Pekka Kuusisto. Dia 27 de abril, no Municipal.

Evgeny Kissin

Ele chegou a pousar no país em 2012, mas, por causa da morte do pai, não se apresentou. O pianista volta em 23 de junho, no Municipal, pela série O GLOBO/Dell’arte.

Budapest Festival Orchestra

Apesar de nova, a Budapest Festival Orchestra, de 1983, é apontada como um dos grandes grupos sinfônicos da atualidade. A regência é do carismático Iván Fischer. O programa terá Ravel, Brahms e Prokofiev. Dia 1º de julho, no Municipal, pela série O GLOBO/Dell’arte.

Arnaldo Cohen

A OSB celebra 75 anos, em 8 de agosto, em concerto com o pianista Arnaldo Cohen. Ele interpreta “Momoprecoce”, fantasia de Villa-Lobos. Peças de Aaron Copland e de Beethoven completam o programa. No Municipal.

Christianne Stotijn

A mezzo-soprano holandesa vem conquistando elogios da crítica desde que foi consagrada como revelação de 2007 pela BBC New Generation Artist. Apresentação em 24 de agosto, com o pianista polonês Maciej Pikulski. Também pela O GLOBO/Dell’arte.

Hespérion XXI

Com o seu fundador, o catalão Jordi Savall, o excelente grupo especializado em música antiga (em especial o repertório espanhol) é atração na Sala Cecília Meireles, em 3 de setembro.

Antonio Meneses

Com a Opes, o brasileiro toca programa em que se destacam obras de Vivaldi e Haydn. Dias 4 e 5 de setembro, na Sala Cecília Meireles.

Julian Rachlin

Além de tocar o concerto para violino de Mendelssohn, o lituano vai comandar, em 17 de outubro, no Municipal, o espetáculo que inclui a Sinfonia nº4, “Italiana”, do mesmo compositor. Antes, sob a regência de Felipe Prazeres, a Opes apresenta “Rio em festa”, de Alexandre Schubert.

Pinchas Zukerman

Zukerman faz duas rodadas com a OSB. Em 3 de outubro, na Cidade das Artes, toca e rege a orquestra. Com a violoncelista Amanda Forsyth, interpreta “Da floresta da boêmia, Op. 68/V, Bosque silencioso (Silent woods) para violoncelo e orquestra”, de Dvorák, em programa que inclui o concerto para violino de Mozart “Strassburg”. No dia 17, também com Forsyth e a OSB sob batuta de Minczuk, toca o concerto duplo para violino e violoncelo de Brahms.

Daniel Müller-Schott

O violoncelista alemão de 38 anos, vencedor do Concurso Tchaikovsky em 1992, está com a carreira em curva ascendente. Ele interpreta, com o seu raro instrumento — um Matteo Goffriller, de Veneza, 1727 — o concerto para violoncelo de Andre Previn e a pungente “Kol nidrei” de Max Bruch. No dia 28 de novembro, na Cidade das Artes, com a OSB.

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